20210510

TabaQUEria porque quase apetece fumar, quando me perco na minha aldeia

Pessoa, alguns cenários...

TABACARIA
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada. ...

Continua em: Arquivo Pessoa: Obra Édita - TABACARIA 


VII - Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo…
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer,
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...

Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar, E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.

20210501

Bolha Gular

Bolha Gular: Um centauro de soslaio (Tiago Schwäbl) - Um programa de arte rádio, a arte dos sons (realização de Tiago Schwabl)

20200219

Anotações

Por vezes lembro-me de um piano de dois pianos
            de quem parte e quem fica

De cantarmos
momentos de Liberdade
criativa


20180728

EgoGénero

As questões de género estão na ordem do dia. Assim pus-me para aqui a refletir (...) sobre o assunto e estava tentado a propôr que em português o masculino terminasse em O (meninO), feminino terminasse em A (meninA) e se crie o género neutro, uma letra algures a meio, como E (nomE). Mas de repente lembro-me do meu nome, Jaime, ou do nome Natividade... ou de se me levantar a questão de por que é que  FEMININO é uma palavra do género... masculino!!!! E é então que me dou conta de como é difícil comentar questões de género...

Poderíamos falar da língua alemã que tem género neutro. Mas de repente apercebo-me que Mädchen (rapariga) é de género neutro enquanto Junge (rapaz) é masculino!?!

Depois há outras coisas como  "quarto" que se em português é masculino em francês é... feminino!!! Porquê???

Terá a solidão tanto de feminino como o perdão de masculino?

Haverá explicação para tal diversidade??...

Vá... sintam-se livres para ensandecer em reflexões nas férias...

20171025

Egojuizos


Não queria de, como leigo na matéria, deixar passar esta oportunidade temporal para escrever um curto comentário sobre decisões e opiniões "lapidares" transcritas no acórdão do Tribunal da Relação do Porto (Processo n.° 355/15.2 GAFLG.P1 - Recurso penal) cujo relator foi o já famoso juiz desembargador Neto de Moura (ver extrato na imagem).

Passo a listas as minhas interrogações que perplexidade me causam:

Num Estado de Direito como podem ser aplicadas decisões que violam princípios constitucionais?
Não está a Constituição da República Portuguesa, lei fundamental (pelos menos os artigos 9.º h e 13.º 2), acima destas decisões para que tais acórdãos sejam considerados nulos, por indiciarem ilegalidades ou mesmo incitação à violência?
Além disso se adotamos para a legislação nacional a Carta Internacional dos Direitos Humanos, tais princípios ficam "esquecidos" (pelo menos os artigos 7.º e 12.º...) quando são juízes a tomar estas abjetas decisões?
Estarão a "voz" e a "escrita" deles (pior ainda: as suas reflexões teo(i)lógicas...), acima da Lei?

Haverá alguém que explique o porquê desta inoperância judicial?...
Fonte: DN, Portugal