20170629

Egocêntrico? Não, obrigado!

A primeira incursão na literatura turca é-me conduzida por Orphan Pamuk (Nobel em 2006) em jeito de ensaio, ou melhor, num conjunto de conferências proferidas.
É certo que a visão é também um pouco um piscar de olhos para o ocidente mas, mesmo assim, descobrem-se umas migalhas da civilização a leste, já no oriente muçulmano.
O tema é o significado e a evolução do romance à luz da transformação que autores clássicos lhes foram impulsionando. E as perspetivas na tentativa de o moldar são muitas e inesgotáveis.
Nesta leitura a lembrança corria-me às vezes para o filme "Clube dos Poetas Mortos" (grande Robin Williams!) onde, no seu climax, proferem-se extratos de Walt Wittman
"O Captain! My Captain!"
por via de uma turma de alunos que trazem apenas a incerteza dos modelos propagados pelas teorias que tentam classificar a nossa criatividade.

Nesta coleção de textos de Pamuk, como se de conversas se tratasse, verifica-se que a liberdade de interpretar o que se lê é um ato que percorre livremente o espaço entre escritor e leitor, pois:
"A única coisa que está entre o escritor e o leitor é o texto do romance, como se este fosse uma espécie de tabuleiro de xadrez, divertindo-se ambos a jogar. Cada leitor vê o texto à sua maneira e procura o centro onde lhe apetecer" (p. 121)

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